sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Cachoeira (Poesia de Alexandre Braga)


Suas lágrimas
escorrem
feito uma cortina de água.
Pois você, minha amada,
é a parede de rocha
de onde desce toda essa cachoeira:
forte
e, diante de certas intempéries, vulnerável...
mas jamais frágil.

O Magnus Opus do Divino (Poesia de Alexandre Braga)


Mulher, o magnus opus do Divino,
a você faço este hino,
afinal, o que não é feminino?
O amor é uma mulher,
a força e razão também,
pois é preciso viver para amar, pensar e se exercitar —
e o que seria da vida, sem você para conceber e gerar,
formar cada detalhe do nosso corpo, do coração ao cérebro, e ainda o leite materno,
o nosso primeiro desjejum?

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

A Estrada Tortuosa (Poesia de Alexandre Braga)


Eu sigo devagar,
com cautela,
tentando atravessar
aquela estrada cheia de elevações,
repleta das curvas sinuosas
que lhes são próprias.

Desço pelo par de montanhas,
e vejo o rosto
daquela bela moça,
gigante e formosa,

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Diferença entre Poema e Poesia


Muitos consideram que esses dois termos similares, tenham o mesmo significado. Para começar, não estamos falando de um conceito ou fórmula exata, já que isso aqui é literatura e não matemática, ok?
Porém, o que podemos considerar como diferença em conceito entre os dois, é em relação à manifestação e estrutura, por assim dizer:
Um poema é um texto com uma estrutura toda definida. Estrofes, versos, que podem ter rima ou não.
O poema se limita a forma literária.

Já a poesia é uma manifestação artística, que pode ser encontrado em diferentes formas e não apenas em palavras. Exemplo? Uma escultura pode conter poesia. Uma música, uma pintura, etc.
Em outras palavras, poesia é o uso de palavras ou linguagens que o autor utiliza para traduzir sentimentos e pensamentos, enquanto o poema seria um arranjo dessas palavras.

Algo a acrescentar? Deixa aí nos comentários! ;)


Poems, everybody! (Floyd, Pink)

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Mulher Grávida (Poesia de Alexandre Braga)


Mulher grávida:
transformação,
metamorfose,
ávida
para amar,
amamentar e cuidar,
exercer a mais básica das realizações
e, ainda, de longe a mais nobre.

Patrimônio Histórico (Poesia de Alexandre Braga)


Aquilo que uma sociedade
faz questão de fixar na lembrança,
gerando pertencimento
ou desunião,
a depender de seu uso;
podendo tanto cicatrizar feridas,
como reforçar glórias antigas;
recordar das desventuras
ou reprimi-las,
gerando o ressentimento
ou a energia necessária
para as aventuras futuras.

Revolução Cultural (Poesia de Alexandre Braga)


Revolução Cultural:
mudança é a chave,
mas infinitos são os meios.
Entretanto, sempre partem das mentes brilhantes,
que, seja por meio da arte
da intelectualidade,
ou de sua forma própria de ação,
espalham as ideias certas
ou erradas,
que, quando em adesão pelas massas,
transformam o novo em velho,
e o velho em novo,
promovendo rupturas e continuidades,
além de novidades.

Historiadores (Poesia de Alexandre Braga)


Os colecionadores,
os críticos da memória,
que, ancorada à teoria e ao método,
dão sentido à história:
uma reunião de vários desses registros,
em corpo e forma,
dando marcha ao quebra-cabeça,
nem sempre linear,
nem sempre completo,
mas sempre em busca
das peças certas.

Ela (Poesia de Alexandre Braga)


Ela é delicada como as flores,
tem perfil de bailarina:
enquanto dança, suas mãos se movimentam
com a mais pura leveza;
quando me abraça,
nossas asas
se abrem

Horizonte (Poesia de Alexandre Braga)


De relance, nos confins do mar e da terra,
vejo cores que transbordam do céu
e se misturam às águas salinas:
rosa, amarelo,
vermelho e laranja
extrapolando os limites
do horizonte:

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

IMPASSE HÚNGARO

"Purifica-me, meu Deus, purifica-me no interior e no exterior. Purifica corpo, alma e espírito, para que os germes da luz cresçam em mim e me transformem num archote. Transforma-me em flama que transmuda em luz tudo em mim e ao meu redor".

(Prece Bogomila)

LIVRO DE CRÔNICAS DO MONGE BENEDEK, O VELHO


Hungria, ano de 1203. A grande roda da história continua rodando, sempre na mesma direção. Uma minoria opressora vivendo com muito mais do que o necessário, desfilando com toda a empáfia, pondo em destaque a miséria e a indigência da grande massa da população, responsável pelo trabalho duro e bancando, com impostos abusivos, os intermináveis banquetes e as esplêndidas vestimentas de seda e cetim dos bem-nascidos, recebendo em troca privações, frio, fome e lágrimas. Até mesmo o alívio buscado na fé é negado a eles, já que as palavras sacerdotais são sempre as mesmas, a estrutura social aparentemente injusta é formada por Deus. Rebelar-se contra isso é rebelar-se contra o Próprio Criador. Porém, o espírito de contestação, sempre presente, manifesta-se através dos sermões do padre búlgaro Bogomil, a fagulha no monte de palha seca, o pontapé na porta carcomida, o grito de revolta levantando os injustiçados para a luta. O tom conciliador da Igreja perde sua eficácia quando o povo enxerga que essa instituição também se beneficia com a situação e apenas visa conservar seus privilégios.

FUGA NA MADRUGADA

A madrugada estava muito fria. Eu corria desesperado, não sabia por que, nem para onde. Atrás de mim, homens gritavam, ordenavam que eu parasse. Sons de coturnos castigando o chão, ameaças e palavrões ecoando. O vento gelado entrava nas minhas narinas, os pulmões fustigados e a dificuldade para respirar trouxeram à lembrança a antiga bronquite, o coração parecia tentar fugir pela boca. Gotas de suor deslizavam da testa, aumentando a sensação de frio.
Os raros moradores ainda acordados iam apagando as luzes, janelas eram fechadas… Tropecei em um buraco e desabei. A distância diminuiu uns três metros. As vozes cresciam e o medo despejava ondas e ondas de adrenalina no meu sangue. Pulei e agarrei um portão de tela enferrujado. Senti pontas de arame enferrujado penetrando nas mãos. O líquido viscoso e quente me fez perder o contato com a barra de metal e desabei. Um Rottweiller me saudou, rosnando e mostrando os dentes.
A primeira mordida foi no braço esquerdo, o animal balançava a cabeça e fincava mais e mais as presas, dilacerando tecido e carne. Mais dor e ardência, comecei a ficar tonto. Meus perseguidores, agora percebi, cinco homens com fardas militares, arrombaram o cadeado e abateram o animal com um tiro certeiro na cabeça. Fui cercado por eles e minha última lembrança foi a de suas gargalhadas de contentamento. Depois, uma forte dor nas têmporas e trevas.

Fórmula para Enredo

No seu livro tem o "O.R.U"?


Objetivo — seu personagem tem um objetivo claro?
Risco — para alcançar o objetivo ele enfrentará uma ameaça?
Urgência — o objetivo não pode ser deixado para depois.


Via Claudio Formiga
Roteirista e escritor